Black Mirror, a série de ficção científica de 2011 da Netflix, mostra em cada um de seus episódios diferentes tecnologias e variado usos para elas. Mas, desde o início da ficção científica, existe a tênue linha que diferencia ficção de ciência e tecnologias reais. Em alguns episódios, podemos ver o uso de tecnologias de realidade aumentada, cada vez mais presente em nossas rotinas, com o uso de óculos de realidade virtual, por exemplo. Porém, até em episódios com temáticas distópicas, futuristas e ficcionais temos elementos realísticos.

Distopia

Um conceito bem utilizado em ficções científicas é o de distopia, no qual somos apresentados a um futuro problemático, geralmente causados por tecnologias ou guerras. Representa uma visão pessimista do futuro, origem do termo distopia em contrapartida ao termo utopia, para sociedades idealizadas. Temos exemplos clássicos de distopias na literatura com 1984, de George Orwell, Fahrenheit 451, de Ray Bradbury, e no cinema com Blade Runner, Matrix e Mad Max.

Metalhead

A ideia do futuro distópico é trabalhada no quinto episódio da quarta temporada de Black Mirror. Somos apresentados a um ambiente hostil e com um clima pesado, no qual os humanos não são mais a espécie dominante e se veem obrigados a lutar pela sobrevivência no dia a dia. Acompanhamos no episódio a dificuldade da protagonista, Bella, fugindo de cães robóticos movidos a energia solar, que foram criados para auxiliar o ser humano em tarefas de segurança que se tornaram agressivos e se viraram contra os humanos passando a caçá-los. Mas até que ponto a existência desses cães robôs é ficção?

Boston Dynamics

O visual dos cães robóticos causa estranhamento à primeira vista, pois apesar de representarem tecnologias altamente avançadas, a ponto de se tornarem hostis contra seus criadores, apresentam uma estética relativamente antiquada, com muitas figuras geométricas em sua composição, principalmente arestas. Além disso, outra característica peculiar dos robôs é a sua movimentação, que em muitos pontos é bem lenta e aparentemente difícil, característica esperada de protótipos ou primeiras versões de projetos.
O motivo de tais características estarem presentes nesses robôs é a inspiração por trás da criação dessas figuras. O diretor do episódio, David Slade, disse que os cães foram inspirados nos projetos da Boston Dynamics, empresa americana voltada para a área de robótica, que cria projetos para o exército americano. Por se tratarem de projetos iniciais na área, os robôs da Boston Dynamics apresentam uma estética rudimentar e movimentos em desenvolvimento, por isso os robôs da série apresentam a mesma característica. Os projetos mais atuais da empresa de Massachusetts já incluem robôs que podem transpor terrenos irregulares, como locais com escombros, robôs de carga que conseguem se localizar no espaço e abrir portas, subir escadas, além de levantar objetos. Possuem também robôs que conseguem correr a velocidades de 32 km/h!

A 4ª Revolução Industrial

Desde a Primeira Revolução Industrial, nossos meios de produção vêm sofrendo mudanças, se atualizando, passando de produção manufatureira para uma produção automatizada com a inserção de alguns maquinários, como esteiras. Estamos na época da Quarta Revolução Industrial, marcada pela integração da robótica com os ambientes físicos, então nada mais natural do que a robótica estar inserindo-se no ambiente de trabalho e produção. Nas indústrias automobilísticas já começamos a ver o uso de braços mecânico previamente programados para a execução de tarefas específicas e isso é uma tendência crescente em todos os tipos de indústrias, tornar-se automatizada, aumentando sua produtividade e produção. Seria então o uso de robótica algo tão Black Mirror assim, ou estamos realmente entrando em uma revolução nos meios de produção?