De todas as atividades realizadas pelo homem, a construção civil é uma das que mais causam impacto no meio ambiente. Segundo a UNEP (United Nations Environment Programme), as edificações respondem por 40% do consumo global de energia e por até 30% das emissões globais de gases de efeito estufa relacionadas a consumo energético.

No Brasil, são produzidos anualmente cerca de meia tonelada de resíduos provenientes da construção civil. Isso corresponde a 60% de todo o lixo sólido produzido nas cidades. Além disso, 44% de toda a energia produzida no país é usada para abastecer residências.

Na tentativa de diminuir o impacto ambiental causado pela indústria de construção, desenvolveu-se dentro da engenharia civil o conceito de construção sustentável.

Como um edifício pode ser considerado sustentável?

O termo sustentabilidade começou a ganhar notoriedade em 1987, quando a World Commission on Environment and Development, divulgou um relatório com o título “Nosso Futuro Comum”. Nesse texto foi proposto a mais difundida definição de desenvolvimento sustentável até hoje. Desde então, o assunto se popularizou e a consciência em relação ao meio ambiente também.

Aproveitando essa popularidade, várias empresas dos mais diversos setores começaram a afirmar que utilizavam práticas sustentáveis. A fim de aumentar a credibilidade dessas empresas, muitas instituições independentes surgiram para avaliar se tais práticas realmente existiam. Não somente isso, mas, se realmente contribuíam para diminuir o impacto ambiental de seus produtos ou serviços.

No setor de construção civil, uma dessas instituições é o U.S. Green Building Council, que tem foco em sustentabilidade de edificações e empreendimentos imobiliários. O USGBC tem um selo de certificação para projetos que atendam uma série de requisitos sustentáveis, e este selo é chamado de LEED (Leadership in Energy and Environmental Design), sendo o selo de maior reconhecimento internacional e amplamente utilizado no Brasil.

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O selo LEED

Para conseguir o LEED o projeto precisa passar por um sistema de notas, onde não é considerado apenas o aproveitamento dos recursos naturais, mas como o uso da energia solar e ventilação natural. Isso é apenas um dos quesitos. Para ter essa certificação, o empreendimento também precisa ser economicamente viável (retorno aos empreendedores), socialmente justo e culturalmente aceito (contribuir para o crescimento de todas as pessoas envolvidas).

   E esses quesitos são divididos nos seguintes grupos, para obter uma pontuação:

  • Minimum Program Requirements: Atendimento do projeto à legislação vigente que envolve o meio ambiente nas esferas municipal, estadual e federal. A exemplo, Códigos de Obras e Lei de Zoneamento.
  • Sustainable Sites: Sustentabilidade da localização.
  • Water Efficiency: Eficiência no uso da água.
  • Energy & Atmosphere: Eficiência energética e cuidados com as emissões de gases na atmosfera.
  • Materials & Resources: Otimização dos materiais e recursos naturais a serem utilizados na construção e operação da edificação.
  • Indoor Environmental Quality: Qualidade ambiental no interior da edificação.
  • Innovation In Design: Uso de novas e inovadoras tecnologias que melhorem o desempenho do edifício.
  • Regional Priority: Edificações que dão prioridade às preocupações ambientais regionais.

Vantagens de um edifício sustentável

    O custo de uma construção mais sustentável pode ou não ser maior do que a da convencional, dependendo de vários fatores. A localização da obra e o nível de sustentabilidade que se pretende obter são alguns dos quesitos determinantes.

    Entretanto, em questões comerciais, esse tipo de projeto proporciona uma valorização da propriedade acima da média do mercado.

    Do ponto de vista social, proporcionará maior conscientização e segurança para trabalhadores e ocupantes do local. Além disso, o edifício pode se alinhar a uma política sustentável da empresa, tornando-se importante na estratégia de marketing.

Edifícios sustentáveis no Brasil

Fábrica da Coca-Cola na Fazenda Rio Grande, Paraná

foto_texto_BEC_3Foi a primeira fábrica do país a alcançar a certificação LEED. Suas medidas sustentáveis incluem: uso de tecnologias e medidas de eficiência energética, consumo eficiente da água, qualidade interna do ar. Iluminação facilitada, área de lazer projetada para o descanso dos funcionários e o maior telhado verde da América Latina.

 

Porto Brasilis, Rio de Janeiro

foto_texto_BEC_4Dentre as características sustentáveis desse edifício, podemos destacar o sistema de tratamento e reaproveitamento de água da chuva. Uso de materiais de construção com baixos compostos orgânicos voláteis, louças e metais sanitários economizadores de água, reatores e lâmpadas de alta eficiência. Separação e armazenamento de lixo reciclável, vagas preferenciais para veículos com baixa emissão e recuperadores de energia instalados no sistema de exaustão dos sanitários.

Atualmente o Brasil ocupa a 4ª colocação entre os países com maior número de construções com certificação LEED. São 404 no total. A certificação é encontrada não somente em construções de grande porte, mas em empreendimentos residenciais, no varejo, em escolas e instituições de ensino, trazendo benefícios econômicos, ambientais e bem-estar social para aqueles que usufruem dessas edificações.

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Autoria: Saulo Paulo da Costa – 2º Ano do Curso Básico do IME